Uma das culturas mais antigas que relatam a utilização de plantas, animais e minerais com fins terapêuticos é a chinesa. Relatos esses encontrados no primeiro livro que trata da medicina interna “Huang Di Nei Jing” escrito na dinastia Han, por volta de 3000 a.C..
Esse tratado listava 13 fórmulas de fitocompostos, incluindo pílulas, pós, emplastos, chás e etc. Outro grande tratado que data de aproximadamente, 219 a.C. é o Shan-han Zabing Lun (Tratado das diversas doenças do frio nocivo), que contém mais de 113 fórmulas de fitocompostos chineses. A primeira produção em massa de fitocompostos data da dinastia Song (960 d.C. a 1279 d.C.), quando o império feudal chinês construiu um hospital para o uso da família real. Uma farmácia herbária foi feita no hospital, as fórmulas foram coletadas por um famoso médico da época, Chen Shi-wen e 788 dessas fórmulas foram publicadas no texto Tai Ping Hui Min He Ji Ju Fang (Fórmulas do bem-estar popular) de 1151 d.C.. Na dinastia Ming (1368 a 1644 d.C.) e dinastia Qing (1644 a 1911 d.C.) muitas farmácias herbárias particulares foram abertas. Alguns destes medicamentos produzidos por essas farmácias eram secretos. Uma das mais antigas e famosas farmácias na China hoje é Tung Jen Tang, em Pequim, fundada em 1669. Desde a década de 1950 vários fitocompostos vêm sendo desenvolvidos e utilizados em hospitais da China.
Os chineses criaram um método de classificação das plantas diferente da classificação da fitoterapia ocidental: enquanto os ocidentais focam principalmente na parte fitoquímica das plantas, os chineses classificam as ervas de maneira bem diferente.
As classificações são:
» Os cinco sabores: picante, salgado, azedo, amargo e doce (algumas ervas apresentam mais de um sabor).
» As quatro direções: para cima (ascender), para fora (flutuam), para baixo (descender) e para dentro (aprofundam).
» A temperatura (natureza): quentes, mornas, frescas e frias.
As ervas picantes estimulam, dispersam e promovem o movimento de subida e fazem transpirar. Ex.: pinellia, menta, alho, angélica, canela.
As ervas salgadas transformam a umidade e suavizam, também são tóxicas. Ex.: trigo, osso de tigre.
As ervas azedas são adstringentes. O sabor azedo é utilizado frequentemente para tratar diarreias e suores excessivos. Ex.: crataegus, acerola, limão.
As ervas amargas eliminam, ativam e promovem o movimento de descida, tratam a dor, são utilizadas em constipação, vômitos, reduzem o calor, drenam fluidos corporais e servem para tratar distúrbios cardíacos. Ex.: Aloe vera, bardana, Ephedra, Cordydalis.
As ervas doces tonificam, nutrem e promovem o movimento de descida lenta e tratam a dor. Ex.: Ginseng, alcaçuz, Ziziphi, aveia, Hipericum, madressilva.
As quatro direções do movimento são a capacidade que cada erva tem de mover a energia em determinadas direções dentro do corpo. Considere que o corpo tem quatro partes:
Para cima (ascender): tem como objetivo despertar e revigorar o CHI. Ex.: Gengibre, Aconitum, Café.
Para fora (flutuam): abrem os orifícios, promovem a sudoripação (pele) e a expulsão do agente patogênico exógeno, dispersam o frio e o vento, eliminam a mucosidade pulmonar e abrem as vias respiratórias. Ex.: Pinellia, Ephedra, canela, magnólia.
Para baixo (descender): ativam a descida da energia, têm ação diurética e laxativa, facilitam a digestão e eliminam os acúmulos. Ex.: sene, bardana, cáscara sagrada, semente de pêssego, quebra-pedra.
Para dentro (aprofundam): acalmam a mente. Ex.: Acantophanax, Ziziphi, trigo, Rhemania.
As temperaturas das ervas descrevem as características energéticas com ação terapêutica. As plantas mornas e quentes dissipam síndromes de frio e as plantas frias e frescas dissipam as síndromes de calor.
Quentes: são plantas estimulantes usadas para expulsar o frio. Ex.: Aconitum, gengibre, canela, alho, pimenta.
Mornas: normalmente são ricas em óleos essenciais. Elas têm a propriedade de abrir os orifícios. Ex.: angélica, ginseng, Ephedra.
Frescas: são plantas que dissipam o calor. Normalmente, têm ação anti-inflamatória e analgésica. Ex.: menta, Crataegus, calêndula, equinácea, Hipéricum, lavanda.
Frias: combatem o calor. Ex.: melissa, Paeonia, bardana.
A medicina tradicional chinesa leva em consideração os termos tóxicos, inócuos, muito tóxicos e levemente tóxicos. As substâncias inócuas não apresentam valor, mas as tóxicas e muito tóxicas, quando usadas em dosagens superiores ou tempo prolongado, podem provocar lesões sérias. Já as levemente tóxicas geralmente apresentam efeitos secundários. As combinações de plantas podem torná-las tóxicas ou inócuas, portanto, para se combinar as plantas, é preciso conhecer as suas funções energéticas e fitoquímicas.
Exemplos:
» Tóxicas: Aconitum, noz-vomica, mirra.
» Levemente tóxicas: Poria cocus, Zizyphi.
» Inócuas: ginseng, alcaçuz.
Uma outra característica importante da fitoterapia chinesa é a utilização de formulações de ervas para o tratamento, sendo mais raro o uso de ervas isoladas. Na composição das fórmulas da medicina tradicional chinesa, as ervas (ou componentes) são classificadas nas seguintes categorias:
Imperador (erva imperial): é o principal componente da fórmula. Atua na função ou órgão que é a base do processo de adoecimento. Na maioria das vezes, é executada por uma só erva.
Ministro (erva ministerial): auxilia ou reforça a ação do imperador, atuando também na condição básica do processo de adoecimento, porém com potência menor que o imperador. As fórmulas potem ter mais de um ministro.
General ou Assesor (erva assessora): componente da formulação que visa restringir os efeitos adversos ou exagerados dos outros componentes, também possibilitando a regressão mais rápida dos sintomas. As fórmulas podem ter mais de um general.
Embaixador ou Coordenador (erva coordenadora): é o componente com a função de reduzir a toxidade e/ou harmonizar as outras plantas na fórmula. Usualmente, utilizamos para esta função a casca de poncã ou Chen Pi (Citrus reticulata), o alcaçuz ou Gran Cao (Glycyrrhiza glabra, raiz), o gengibre ou Gan Jiang (Zingiber officinale, rizoma seco), as folhas e ramos de alecrim (Rosmarinus officinalis) e a erva-doce ou Xiao Hui Xiang (Foeniculum vulgare, frutos). Em fórmulas com muitos componentes, podem ser usadas uma ou duas plantas com função embaixador.
Esse tratado listava 13 fórmulas de fitocompostos, incluindo pílulas, pós, emplastos, chás e etc. Outro grande tratado que data de aproximadamente, 219 a.C. é o Shan-han Zabing Lun (Tratado das diversas doenças do frio nocivo), que contém mais de 113 fórmulas de fitocompostos chineses. A primeira produção em massa de fitocompostos data da dinastia Song (960 d.C. a 1279 d.C.), quando o império feudal chinês construiu um hospital para o uso da família real. Uma farmácia herbária foi feita no hospital, as fórmulas foram coletadas por um famoso médico da época, Chen Shi-wen e 788 dessas fórmulas foram publicadas no texto Tai Ping Hui Min He Ji Ju Fang (Fórmulas do bem-estar popular) de 1151 d.C.. Na dinastia Ming (1368 a 1644 d.C.) e dinastia Qing (1644 a 1911 d.C.) muitas farmácias herbárias particulares foram abertas. Alguns destes medicamentos produzidos por essas farmácias eram secretos. Uma das mais antigas e famosas farmácias na China hoje é Tung Jen Tang, em Pequim, fundada em 1669. Desde a década de 1950 vários fitocompostos vêm sendo desenvolvidos e utilizados em hospitais da China.
Os chineses criaram um método de classificação das plantas diferente da classificação da fitoterapia ocidental: enquanto os ocidentais focam principalmente na parte fitoquímica das plantas, os chineses classificam as ervas de maneira bem diferente.
As classificações são:
» Os cinco sabores: picante, salgado, azedo, amargo e doce (algumas ervas apresentam mais de um sabor).
» As quatro direções: para cima (ascender), para fora (flutuam), para baixo (descender) e para dentro (aprofundam).
» A temperatura (natureza): quentes, mornas, frescas e frias.
As ervas picantes estimulam, dispersam e promovem o movimento de subida e fazem transpirar. Ex.: pinellia, menta, alho, angélica, canela.
As ervas salgadas transformam a umidade e suavizam, também são tóxicas. Ex.: trigo, osso de tigre.
As ervas azedas são adstringentes. O sabor azedo é utilizado frequentemente para tratar diarreias e suores excessivos. Ex.: crataegus, acerola, limão.
As ervas amargas eliminam, ativam e promovem o movimento de descida, tratam a dor, são utilizadas em constipação, vômitos, reduzem o calor, drenam fluidos corporais e servem para tratar distúrbios cardíacos. Ex.: Aloe vera, bardana, Ephedra, Cordydalis.
As ervas doces tonificam, nutrem e promovem o movimento de descida lenta e tratam a dor. Ex.: Ginseng, alcaçuz, Ziziphi, aveia, Hipericum, madressilva.
As quatro direções do movimento são a capacidade que cada erva tem de mover a energia em determinadas direções dentro do corpo. Considere que o corpo tem quatro partes:
Para cima (ascender): tem como objetivo despertar e revigorar o CHI. Ex.: Gengibre, Aconitum, Café.
Para fora (flutuam): abrem os orifícios, promovem a sudoripação (pele) e a expulsão do agente patogênico exógeno, dispersam o frio e o vento, eliminam a mucosidade pulmonar e abrem as vias respiratórias. Ex.: Pinellia, Ephedra, canela, magnólia.
Para baixo (descender): ativam a descida da energia, têm ação diurética e laxativa, facilitam a digestão e eliminam os acúmulos. Ex.: sene, bardana, cáscara sagrada, semente de pêssego, quebra-pedra.
Para dentro (aprofundam): acalmam a mente. Ex.: Acantophanax, Ziziphi, trigo, Rhemania.
As temperaturas das ervas descrevem as características energéticas com ação terapêutica. As plantas mornas e quentes dissipam síndromes de frio e as plantas frias e frescas dissipam as síndromes de calor.
Quentes: são plantas estimulantes usadas para expulsar o frio. Ex.: Aconitum, gengibre, canela, alho, pimenta.
Mornas: normalmente são ricas em óleos essenciais. Elas têm a propriedade de abrir os orifícios. Ex.: angélica, ginseng, Ephedra.
Frescas: são plantas que dissipam o calor. Normalmente, têm ação anti-inflamatória e analgésica. Ex.: menta, Crataegus, calêndula, equinácea, Hipéricum, lavanda.
Frias: combatem o calor. Ex.: melissa, Paeonia, bardana.
A medicina tradicional chinesa leva em consideração os termos tóxicos, inócuos, muito tóxicos e levemente tóxicos. As substâncias inócuas não apresentam valor, mas as tóxicas e muito tóxicas, quando usadas em dosagens superiores ou tempo prolongado, podem provocar lesões sérias. Já as levemente tóxicas geralmente apresentam efeitos secundários. As combinações de plantas podem torná-las tóxicas ou inócuas, portanto, para se combinar as plantas, é preciso conhecer as suas funções energéticas e fitoquímicas.
Exemplos:
» Tóxicas: Aconitum, noz-vomica, mirra.
» Levemente tóxicas: Poria cocus, Zizyphi.
» Inócuas: ginseng, alcaçuz.
Uma outra característica importante da fitoterapia chinesa é a utilização de formulações de ervas para o tratamento, sendo mais raro o uso de ervas isoladas. Na composição das fórmulas da medicina tradicional chinesa, as ervas (ou componentes) são classificadas nas seguintes categorias:
Imperador (erva imperial): é o principal componente da fórmula. Atua na função ou órgão que é a base do processo de adoecimento. Na maioria das vezes, é executada por uma só erva.
Ministro (erva ministerial): auxilia ou reforça a ação do imperador, atuando também na condição básica do processo de adoecimento, porém com potência menor que o imperador. As fórmulas potem ter mais de um ministro.
General ou Assesor (erva assessora): componente da formulação que visa restringir os efeitos adversos ou exagerados dos outros componentes, também possibilitando a regressão mais rápida dos sintomas. As fórmulas podem ter mais de um general.
Embaixador ou Coordenador (erva coordenadora): é o componente com a função de reduzir a toxidade e/ou harmonizar as outras plantas na fórmula. Usualmente, utilizamos para esta função a casca de poncã ou Chen Pi (Citrus reticulata), o alcaçuz ou Gran Cao (Glycyrrhiza glabra, raiz), o gengibre ou Gan Jiang (Zingiber officinale, rizoma seco), as folhas e ramos de alecrim (Rosmarinus officinalis) e a erva-doce ou Xiao Hui Xiang (Foeniculum vulgare, frutos). Em fórmulas com muitos componentes, podem ser usadas uma ou duas plantas com função embaixador.
As informações aqui contidas são apenas com finalidade informativa, não devendo ser usadas para diagnosticar, tratar ou prevenir qualquer doença, e muito menos substituir os cuidados médicos e farmacêuticos adequados.
OBS: Para evitar qualquer risco de interações medicamentosas, é altamente recomendável que você procure orientação médica e/ou farmacêutica antes de iniciar a terapia com fitoterápicos.