Fitoterapia na Diabetes - Excelentes Plantas!


A Diabetes mellitus é a mais frequente das doenças do metabolismo dos açúcares e carboidratos. Trata-se de uma síndrome de causa múltipla, decorrente da falta de insulina e/ou da incapacidade de ela exercer adequadamente seus efeitos, resultando em resistência insulínica. Caracteriza-se pela presença de hiperglicemia crônica, ou seja, níveis altos de açúcar no sangue, frequentemente acompanhada de dislipidemia, hipertensão arterial e disfunção endotelial - Sociedade Brasileira de Diabetes.

Existem dois tipos de manifestação da doença, a Diabete tipo 1 a que não produz parcialmente e/ou totalmente a insulina (insulinodependente) e o tipo 2 (não insulinodependente) quando a insulina produzida não desempenha o seu papel, elas apresentam diferenças etiológicas e patogenéticas claras. Enquanto o diabetes tipo 1 é uma doença autoimune, a resistência insulínica é considerada um fator chave no desenvolvimento do Diabetes tipo 2. A diminuição da ação da insulina nos seus tecidos-alvos, particularmente, músculos e tecido adiposo é chamada de resistência a insulina. Em consequência dessa resistência, ocorre um excesso de insulina a compensatória e com a evolução da doença o individuo pode passar apresentar deficiência na secreção de insulina, causada pela exaustão da capacidade secretora das células β. Tanto a obesidade quanto o Diabetes (tipo 2) estão associados ao quadro de resistência insulínica.
Nos estágios que precedem a manifestação da doença, designados de pré-diabetes, o uso de fitoterápicos tradicionais, em conjunto com uma dieta correspondente e mudança dos hábitos de vida, podem levar a um adiamento da manifestação do diabetes, ou, até mesmo, evitar que se manifeste.


Açafrão /Curcuma longa
O Açafrão (Curcuma longa) possui várias atividades farmacológicas documentadas, sendo a hipoglicemiante um delas. Em coelhos diabéticos, a incorporação de 0,5% de curcumina em um período de 8 semanas produziu redução não apenas da glicemia, mas também do colesterol, triglicerídeos e fosfolipídios do sangue. Em um modelo similar de diabetes induzida em ratos, a administração oral e tópica da curcumina demonstrou melhorar de forma significativa lesões renais associadas a diabetes e a cicatrização de feridas na pele. A curcumina modula alvos moleculares como o NF-kB e consequentemente a indução dos genes induzidos por este fator de transcrição como mediadores inflamatórios.

Gengibre – Zingiber officinale
Al-Amin et al (2006) comprovou a ação antidiabética e hipolipidêmica em ratos e os resultados mostraram um impacto positivo na reversão da proteinúria diabética. A literatura mostraram uma potencial atividade anti-diabética do suco de gengibre (gengibre fresco) em ratos diabéticos tipo I, produzindo o aumento dos níveis de insulina e o decréscimo dos níveis de glicose rápida plasmática. Os efeitos estão ligados aos receptores do tipo 5-HT (envolvido no controle da glicemia). Saraswat et al (2010) obtiveram resultados que comprovam que o gengibre possui efeito efetivo contra o desenvolvimento da catarata em ratos diabéticos por meio de seu potencial antiglicante. O 6-gingerol bloqueia a translocação da subunidade do NF-kB do citoplasma para o núcleo e consequentemente a indução dos genes induzidos por este fator de transcrição como mediadores inflamatórios.


Chá verde/ Cammelia sinensis
Pesquisas de Serisier et al. (2008) comprovou em seus estudos que o consumo de chá-verde pode melhorar a sensibilidade à insulina e o perfil lipídico de animais e alterar a expressão de genes envolvidos a homeostase de glicose e lipídios. Tsuneki et al. (2004) apresentou provas da eficiência do chá verde em relação a sua atividade antidiabética. As catequinas diminuem a atividade da proteína IKK, envolvida na fosforilação do IKB-α induzida pela ativação mediada pelo TNF- α. Como consequência, temos novamente a inibição do fator de transcrição NF-kB. As catequinas também reduzem a expressão gênica da proteína JNK e do fator de transcrição AP-1, ativados pelo TNF- α .

Pata de vaca/ Bauhinia forficata
Sem dúvida, a atividade da pata de vaca como hipoglicemiante tem sido documentada em alguns estudos, tanto em animais como em pacientes com diabetes tipo II (Alonso, 2007). Outras propriedades: diurética e anti-inflamatória e, por esta razão, pode ser recomendada como auxiliar no controle da hipertensão e em casos inflamatórios leves. A redução na glicemia foi observada tanto em indivíduos normoglicêmicos como hiperglicêmicos em estudos com camundongos. O mesmo estudo atribuiu essa atividade aos flavonoides presentes nessa espécie . Principais flavonoides são rutina e quercetina.


Cajueiro /Anacardium occidentale
A decocção da casca do caju demonstrou efeitos hipoglicemiantes em ratas e cachorros. Em humanos, o extrato desta planta administrado por via oral exibiu ação hipoglicemiante nos 15 a 20 minutos apos a ingestão, observando efeito máximo, após 60 a 90 minutos . Outro estudo evidenciou o efeito hipoglicemiante do extrato aquoso e metanólico da casca de caju em ratas diabéticas. Atividade atribuída aos compostos terpenoides ou cumarinicos; Se especula que estes compostos estimulem as células beta do pâncreas .


Carqueja – Baccharis trimera
Após 7 dias de administração de Carqueja em camundongos observou-se significante redução na glicemia e perda de peso, porém, não ha correlação entre essas duas atividades observadas nessa planta . Administrados a pessoas normoglicêmicas, provoca um decréscimo nos níveis de glicose no sangue.

Estevia – Stevia rebaudiana
Poder adoçante, aproximadamente 250 vezes maior que a sacarose. Em um grupo de ratas submetidas a um regime hiperhidrocarbonado, a adição de 0,5% de esteviosídeo (principio ativo da estevia) provocou um decréscimo na glicemia e nos níveis de glicogênio hepático . Em humanos demonstraram que as curvas de tolerância a sobrecarga de glicose pós-prandial resultaram ser melhores nos pacientes diabéticos obesos que tinham sido tratados previamente com 130-140mg de extrato de estévia .


Alho – Allium sativum
Em provas de sobrecarga de glicose em roedores, o extrato de alho envelhecido (AGE) demonstrou diminuir os níveis iniciais de glicemia elevada . A partir destes ensaios preliminares, investigadores do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos puderam demonstrar em animais que a administração de AGE determinava aumento nos níveis de insulina no sangue, comparadas com o grupo controle .


RECOMENDAÇÕES: 

Sempre faça a medição da glicemia de jejum para o controle das dosagens dos fitoterápicos; - Não administrar fitoterápicos hipoglicemiantes em horários próximos a Administração de hipoglicemiantes orais ou insulina; - Não interromper a dieta especifica para diabetes.


As informações aqui contidas são apenas com finalidade informativa, não devendo ser usadas para diagnosticar, tratar ou prevenir qualquer doença, e muito menos substituir os cuidados médicos e farmacêuticos adequados.

OBS: Para evitar qualquer risco de interações medicamentosas, é altamente recomendável que você procure orientação médica e/ou farmacêutica antes de iniciar a terapia com fitoterápicos.

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Referencias:

Akhani et al 2004
ALONSO, 1998
ALONSO PAZ E. et al., 1992
BABU e SRINIVASAN, 1998; SIDHU et al., 1999
BABU et al., 1995
CHANG e JOHNSON, 1980
CURI et al., 1986
GEUNS, 2003
HANDA S. et al., 1989, ZAKARIA M. e MOHD M., 1994
Menezes, FS et al., 2007
McLELLAN et al, 2007
NAGAI K. et al., 1975
OJEWOLE J, 2003
OLIVEIRA, A.C.P., et al., 2005
Serisier et al. 2008
Sociedade Brasileira de Diabetes - SBD
SUZUKI et al., 1977
XAVIER et al., 1967

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